Roberto
Cabrini comandou o último Conexão Repórter abordando o famigerado tema da
homofobia. Para tanto, entrevistou agressores, vítimas e defensores
ideológicos. De um lado, o ativista e intelectual Jean Wyllys (PSOL-RJ), 41,
homossexual. No outro, o destemido Jair Messias Bolsonaro, (PP-RJ), 60, pai de
quatro homens e uma menina de 04 anos de idade. Ambos já marcaram o cenário
político com declarações em diversos âmbitos, mas algumas convergem para o
mesmo ponto. Sendo assim, homossexualismo: falácia ou modernidade?
O grupo
Carecas, composto por encapuzados de cabeça raspada e mente voltada ao ódio e
agressão aos membros da diversidade, afirma que “Deus fez o homem e a mulher; o
homossexual é obra do Diabo; festas gays promovem a promiscuidade, há presença
de drogas e doenças são proliferadas”. Indagados sobre o caso de um filho
nascer homossexual, disseram que “educação vem de casa, e com certeza ele não seria”.
Claramente, uma gangue de atitudes repudiáveis e que precisa ser parada.
O
ex-integrante do Big Brother Brasil, que ganhou certa notoriedade ao assumir
sua condição em rede nacional e tornar-se defensor da causa homossexual, alcançou
o cargo de Deputado Federal em 2011. Notavelmente, percebe-se que o mesmo usou
de sua condição “revolucionária” para construir a carreira pública, usando
propostas inovadoras como o contrapeso para a ausência de experiências prévias.
De vez em quando, faz declarações um tanto desconexas, bem como exclui
postagens de repercussão em redes sociais.
Jair Messias
Bolsonaro é Capitão da reserva do Exército Brasileiro. Com carreira política
edificada desde 1988, conseguiu o passaporte à Brasília em 1990, onde permanece
até hoje como Deputado Federal, com o gabinete repleto de referências à direita
e ataques ao governo petista. Protagonizou duas polêmicas com a deputada
Maria do Rosário (PT-RS), não tem papas na língua, realmente fala o que pensa,
e no ano passado mandou que um avião cruzasse os céus do Rio de Janeiro, no dia
31 de março, com uma faixa sobre os 50 anos do Golpe de 64.
Os dois
políticos colocaram as cartas na mesa. Explicaram seus ideais, os motivos que
os levam a defender seus pontos de vista e receberam perguntas um pouco árduas,
como “e se o seu filho fosse homossexual?” e “você toparia debater o projeto
com o Deputado Bolsonaro?”. Wyllys mostrou-se prepotente e arrogante ao afirmar
que “jamais discutiria o projeto com ele, mesmo se estendesse a mão”. Já
Bolsonaro disse que “a educação vem de casa, e não vejo palmadas e puxões de
orelha como porrada; mas um mero corretivo”.
É visto
desde os anos 80 o surgimento de ícones populares homossexuais, como Freddie
Mercury (Queen) e Cazuza, que gravou uma música com referência ao tema em 1984.
Tal condição não os tornou piores nem melhores, apenas era um fator adjacente.
O filme “Cruzeiro das Loucas” apresenta um momento de insight do personagem de
Horatio Sanz (Nick), que percebe que embora os presentes fossem gays, isso não
tirava o mérito deles; um era advogado criminal, outro paraquedista e havia um
bombeiro.
O “só
não vale dançar homem com homem, nem mulher com mulher - o resto vale” ecoa desde 1983 na voz de Tim
Maia, mostrando implicitamente as ideologias da época (anos finais do Regime
Militar) e da sociedade em geral, que estavam ganhando novos ares (ao final do
clipe com Sandra de Sá, é dada uma nova ordem; “liberou geral, agora vale tudo”).
O que acaba sendo afirmado na música dos Mamonas Assassinas, com a célebre “abra
sua mente, gay também é gente”.
O
homossexualismo é tido como falácia ao confrontar um sistema que vem se
perpetuando desde sempre, que é o da família tradicional, composto por pai, mãe
e filhos. Muitos não conseguem enxergar um núcleo familiar com dois homens ou
duas mulheres e um filho. Até porque, como apareceria esse filho? Pode ser por
adoção, barriga de aluguel ou fertilização (no caso do casal feminino). Também
é difícil começar a inserir esse modelo no sistema educacional, ainda mais para
uma criança de cinco anos, com pouca noção do mundo.
No entanto,
há uma corrente movida pelo ideal “o filho que dois diferentes geram, não
querem e maltratam, os dois iguais adotam, cuidam, amam e educam”, além de
defender a quebra de paradigmas e afirmação da diversidade, lastreada pela
liberdade de expressão, ir e vir e igualdade perante a lei. Tempos mudam, a
televisão acaba mostrando o beijo gay na televisão como uma vitória perante os “defensores
da família brasileira”, difundindo isso em horário nobre e com picos de
audiência.
Finalizando,
uma das soluções para esse tema seria o intenso debate a respeito, deixando
orgulho de lado e apontado prováveis meios de conciliação e convergência de
ideais, para que todos sejam agradados e não haja efeitos colaterais. Muita
coisa precisa ser revista. O ordenamento constitucional ainda não prevê a
unidade familiar composta por dois iguais, embora diga que “todos são iguais
perante a Lei”. Paradoxos e paradigmas podem e devem ser quebrados, para que a
modernidade e a falácia tomem um rumo: igualdade de gênero.
REDAÇÃO NÃO AVALIADA.